O burro e o cachorro
Em um belo
dia, vários animais resolveram participar de uma eleição. Lá estavam o burro e
o cachorro. Os dois viviam inventando propostas para poder enganar ou, talvez,
ajudar os eleitores.
Certa vez, seu
galo pediu, aos candidatos, que construíssem um local onde ele pudesse
cantarolar todas as manhãs. Dona Pata queria que o lago ficasse sempre cheio e
limpo, pois, assim, os patinhos poderiam nadar tranquilamente. Já a coruja
queria um lugar para transmitir a sabedoria aos demais animais. Todos os pedidos
foram incluídos nos planos de governo dos candidatos.
Na campanha, o
burro levava vantagem sobre o cachorro, pois era um animal que participava de
programas de TV e tinha o lado humorístico exacerbado. O cachorro era sério e discreto, não atuava na
TV, em programas de humor. Entretanto, tinha perfil e consciência das reivindicações
da população animalesca. Sabia que podia cumprir com alguns pedidos e outros
deveriam ser revistos.
Época de
propagandas eleitorais, as piadas do burro em seu programa eram vistas, pela população,
como algo engraçado. Muitos eleitores riam do burro e achavam que ele era sinônimo
de tudo aquilo que a população vinha enfrentando com os demais candidatos. Eles
viram a eleição como forma de manifestação.
Dia da eleição,
lá estava o burro e o cachorro. O burro fazia piadas e todos sorriam. O
cachorro olhava a cena e pensava com tristeza:
- Os animais não
confiam em mim, só têm olhos para o burro.
No final das eleições,
o cachorro ficou à espera daqueles que ele julgava serem seus eleitores para
receber uma palavra amiga. Isso porque o resultado nas urnas tinha sido um
desastre. Contudo, os animais haviam saído para comemorarem a vitória do burro.
Depois de certo
tempo, os animais, arrependidos, queriam consolá-lo. Na verdade, perceberam a
burrice que haviam cometido. Hoje, o burro tem salário alto, vive na mordomia e
ainda não fez nada que pudesse mudar a vida dos animais mais pobres. Continua
burro, enquanto o cachorro continua sendo o melhor amigo daqueles que um dia
deixaram de acreditar nele.
Moral: "Cada
um é o que é. Não se pode forçar a própria natureza."