sexta-feira, 20 de abril de 2012

Memorial de leitura


É interessante lembrar o passado. Inicio minhas memórias de leitura agradecendo minha mãe e meu pai. Duas pessoas simples, com pouca escolaridade, mas que sempre incentivaram os filhos a estudar.

Meu pai, carpinteiro, nunca sentava para ler um livro, mas se passasse um vendedor de livros, ele ficava entusiasmado e sempre comprava coleções. Nossa estante da sala tinha várias enciclopédias, livros infantis, dicionários e livros de receita. Recordo que mesmo antes de ser alfabetizada pegava os livros infantis e sentava na porta da rua para ler, aliás, fingia que estava lendo, pois queria que as pessoas me admirassem.

            Minha mãe estudou até a 4ª série, mas sempre tentava ensinar. Na verdade, minha alfabetização ocorreu em minha casa. Eu e meus irmãos éramos estimulados e convidados a conhecer o alfabeto. Logo, minha mãe passou a formar sílabas e, posteriormente, palavras. Todavia, era época de conhecer outras professoras, que não seriam tão carinhosas e pacientes como minha primeira professora, minha mãe.  

 Lembro-me da minha primeira escola, uma escola municipal, chamada Renovação.  Ela ficava perto de minha casa. Íamos com minha mãe em uma bicicleta. Ela levava e buscava. Coitada, um sofrimento, três filhos e ela em uma Ceci. Outras vezes era meu pai quem levava, montávamos na lambreta azul e seguíamos para nossa escola. Era meu primeiro ano na escola, mas já nos primeiros meses fiquei doente e meus pais optaram em me tirar da escola naquele momento. Meus irmãos iam e eu ficava, mas minha primeira professora não me deixou ficar atrás. Voltou a me ensinar.

No ano seguinte, fui para outra escola, Escola Municipal Adelor Quintiliano Silva. A diretora chamava Odete, tia Odete. Era brava, mas muito competente. Lá estava a Tia Delmarina para me receber. Gostava dela, pois era séria e muito serena. Só que eu estava na frente de todos os colegas, nada que ela me ensinasse era novidade. Então, a equipe pedagógica da escola resolveu fazer um teste comigo. Em conversa com meus pais, optaram a me colocar na 1ª série, dessa forma não fiz o então chamado pré-escolar. Conheci minha nova professora, Tia Odetinha, muito brava, gritava, puxava orelha, eu tinha medo dela. As outras professoras que vieram, apenas davam livros para cumprir currículo e fazer avaliações.

É tão engraçado, mas o lugar que deveria formar leitores não me fez leitora. Aprendi a ler e a gostar de estudar por incentivo de minha família. Hoje, sou professora universitária, trabalho com o curso de Pedagogia. Em minhas aulas, trabalho com as acadêmicas a importância da leitura e da escrita, bem como o papel do professor na formação do futuro leitor.






sexta-feira, 16 de março de 2012

Projeto Literatura de Cordel - Professora Luciane Carvalho




Um passeio pelas gírias através do tempo




Por volta de 1930, ainda garoto, fui castigado. Eu era pobre e triste, mas jurei me tornar um cidadão reconhecido para nunca ser chamada a atenção. Fiquei quase uma década me recuperando dessa malvada sorte. Depois, resolvi recobrar o tempo perdido e correr atrás de uma moça que conheci em uma festa que frequentava na época. Convidei aquela menina bonita para assistir a um filme. Foi a maior diversão. O pai dela não gostou nem um pouco. Levei uma bronca. Só me esqueci desse acontecimento dez anos depois. Tomei um castigo sem igual. Não seria fácil namorar aquela linda jovem. Ela não se esqueceu do encontro. Eu já estava ficando velho, mas ainda era sedutor. Além do mais, meu amigo, nos anos 60 não era pobre. Tinha boa aparência, um carro e conversa convincente. Desses de fazer qualquer garota encantar. Então, resolvi passear e rever aquela moça, que era para casar. Mas ela eliminou todas as minhas expectativas com aquela conversa e eu, que estava esperançoso, fiquei triste. Mais 10 anos, amigo, desisti da jovem que a essas alturas já estava velha, não era mais uma jovem encantadora. E eu ainda era um homem charmoso. Tentei convence-la. Que difícil! Eu estava enganado. Ela não gostou da brincadeira. Fiz tudo errado. Ela me chamou de bobo e foi embora. Perdi. Enveredei pela política. Tornei-me insensível, fiquei amargo, só pensava em responsabilidades. Deixei de ser aquela pessoa incrível que amava cegamente. Não mais importava com as coisas do coração. Meu negocio era dinheiro. Entrei com tudo nos anos 80, depressivo, entreguei-me completamente para o mundo frágil dos negócios, preocupado com as aparências vendo a beleza passar no movimento daquelas meninas de calcinhas pequenas. Ótimo! Como me senti ultrapassado! Chegaram os anos 90 e eu resolvi acordar para a vida. Nas ruas, os manifestantes faziam pressão. Já aposentado, levei o apelido de homossexual. As meninas da minha turma envelheceram. Fiquei confuso. Passei muito tempo pensando. Atento, quis deixar de ser irresponsável e mudei de atitude, não queria mais ficar infeliz. Descobri que relacionamento sem compromisso não daria certo. Chega de ser boêmio. Encontrei uma jovem e fui falar com ela. Estava convencido, vestido como um mocinho rico à procura de uma mocinha bonita e bem arrumada que gostasse de mim. Não sou nenhum pedófilo, mas decidi conquistar a primeira garota que encontrasse pela frente. Estava disposto a investir. Que má sorte! Fui criticado! Envolvi-me com uma mulher simpática, mas de caráter não confiável. Nessa fase da vida, não teria muitas opções. O que pode querer um velho rico e solitário? Estava contrariado, não hesitei, cheguei até a mulher. A infeliz me chamou de velho. Desatento, ainda pensei que fosse um elogio. Não desisti. É mesmo o fim do século. Desorientei quando um conquistador jovem chegou e falou: “Aí senhor, valeu! Vá se embora que eu vou sair com a prostituta”. Já era demais! Outra rejeição, esse coração antigo não aguentaria. Viajei no tempo. Até logo!

Elsa, Fátima e Lenair




quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

História diferente de Romeu e Julieta


Beber ou não beber inseticida?



            Um mosquito de nome Romeu marca um encontro com uma mosquita de nome Julieta, para às 17h30min da tarde de sábado. Mas eis que às 17h, Romeu cai em um pega-mosca.

Romeu começa a entrar em desespero, pois faltam apenas 30 minutos para estar no lugar combinado com Julieta. O que fazer? Precisa urgente de uma ideia para sair dali. Alguns minutos são uma eternidade para um coração que anseia por um momento de amor. – Julieta, Julieta, quanto tempo escondi esse amor, mas se o fiz, não foi por medo, o destino que me obrigou ao segredo, porem se eu não conseguir te encontrar, esse amor oculto fará parte de minha própria vida, e existirá no beijo em que o orvalho deixa na pétala da rosa querida.

Enquanto Romeu monologava, Julieta esperava e desesperava, pois nada de Romeu. – Meu Deus, ele não virá! Preciso me controlar, devo deixar em liberdade tudo que amo. Maldito amor que sepulta vidas! Beber ou não beber inseticida? Quem poderá me salvar?

- Eu, Chapolin Colorado.



Gilmione

Giselly

Jorge

Lucimar

Maria Cristina

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Fábula - paródia com alusão a um tema da atualidade - Giselly e Gilmione



O burro e o cachorro



Em um belo dia, vários animais resolveram participar de uma eleição. Lá estavam o burro e o cachorro. Os dois viviam inventando propostas para poder enganar ou, talvez, ajudar os eleitores.

Certa vez, seu galo pediu, aos candidatos, que construíssem um local onde ele pudesse cantarolar todas as manhãs. Dona Pata queria que o lago ficasse sempre cheio e limpo, pois, assim, os patinhos poderiam nadar tranquilamente. Já a coruja queria um lugar para transmitir a sabedoria aos demais animais. Todos os pedidos foram incluídos nos planos de governo dos candidatos.

Na campanha, o burro levava vantagem sobre o cachorro, pois era um animal que participava de programas de TV e tinha o lado humorístico exacerbado.  O cachorro era sério e discreto, não atuava na TV, em programas de humor. Entretanto, tinha perfil e consciência das reivindicações da população animalesca. Sabia que podia cumprir com alguns pedidos e outros deveriam ser revistos.

Época de propagandas eleitorais, as piadas do burro em seu programa eram vistas, pela população, como algo engraçado. Muitos eleitores riam do burro e achavam que ele era sinônimo de tudo aquilo que a população vinha enfrentando com os demais candidatos. Eles viram a eleição como forma de manifestação.

Dia da eleição, lá estava o burro e o cachorro. O burro fazia piadas e todos sorriam. O cachorro olhava a cena e pensava com tristeza:

- Os animais não confiam em mim, só têm olhos para o burro.

No final das eleições, o cachorro ficou à espera daqueles que ele julgava serem seus eleitores para receber uma palavra amiga. Isso porque o resultado nas urnas tinha sido um desastre. Contudo, os animais haviam saído para comemorarem a vitória do burro.

Depois de certo tempo, os animais, arrependidos, queriam consolá-lo. Na verdade, perceberam a burrice que haviam cometido. Hoje, o burro tem salário alto, vive na mordomia e ainda não fez nada que pudesse mudar a vida dos animais mais pobres. Continua burro, enquanto o cachorro continua sendo o melhor amigo daqueles que um dia deixaram de acreditar nele.



Moral: "Cada um é o que é. Não se pode forçar a própria natureza."